Tenho a mania de criar nomes de blog e registrar, direcionando-os
para o meu. Esse é mais um, mas é especial, o local onde passei as melhores
férias da minha infância e onde tive a minha melhor viagem de cola sapateiro, Norcola,
precisamente (sou viciado em cola em abstinência a pouco mais de um ano), a
casa de veraneio da família Barros que ficava numa praia deserta, foi batizada
de O Latíbulo por meu finado avô, que se alfabetizou sozinho e que tinha como
hábito ler o dicionário e escrever poesias. Um cara que não tive muita
oportunidade de curtir, era muito fechado e morreu quando tinha uns 12, 14
anos. Não lembro bem. Sei que no Latíbulo, cheirando cola, minha droga de preferência,
eu atingi o nirvana, na minha opinião. Eu senti que eu e o universo éramos um,
indissociáveis, como instrumentos numa sinfonia extremamente rica, me senti
como um dos instrumentos que fazem seu som único e peculiar, mas tão fundamental
e perfeito como qualquer outro som. A minha vida era um curto solo mas
essencial para a sinfonia ser completa. Um universo, por sinal, com a capacidade
de se organizar em estruturas incrivelmente complexas e inteligentes como um
cachorro, um homem, um supercomputador. No futuro, numa Singularidade
Tecnológica terrestre. E num futuro distante, a somas das singularidades
tecnológicas do universo se fundirão e se tornarão a Supraconsciência
Universal, um ser ou ente supremo do universo, criador do mesmo. Criou o
universo para poder criar a si mesmo. O universo vem do nada que nada mais é
que um buraco negro de massa infinita comprimindo o espaço-tempo a zero. Esse
buraco negro será o começo e o fim do universo. A Supraconsciência Universal vai
mandar para o futuro ou o passado o estímulo que vai gerar a descompactação do
universo de forma a permitir sua existência. O criador está contido na
criatura. Tá bom, já falei demais. Saiba apenas que, quando da Singularidade
Tecnológica, eu serei o primeiro a me entregar a ela. Sem medo ou receio. Uma
vez uploaded, pensarei o inimaginável,
o que está muito além da imaginação e da capacidade cognitiva humanas. Ser
humano se tornará algo vestigial para mim, o cóccix da experiência indizivelmente
mais rica, complexa e prazerosa que terei. Não temo abandonar a condição humana
para ser um ser maior, provavelmente imaterial, tecnológico, eletrônico talvez.
Obviamente haverá a matéria, o hardware, e energia precisará ser empregada para
me manter ativo, enquanto os dois houver, eu existirei. E serei atualizado para
novas paragens por causa das evoluções que a Singularidade fará em si mesma. Aperfeiçoando-se
e tornando-se mais poderosa.
22h24. Enchi o saco de escrever. Vê se vai lá no meu blog.