20h38. Dez visualizações apenas e nenhum comentário no post
anterior. Que coisa. Prova de que ninguém lê os meus posts até o final mesmo.
Ah, mamãe está certa achando que estou meio despirocado com essa história de
Seu Raimundo. O que tiver de ser, será. Mas eu fico com essa tentação enorme de
dar uma forcinha ao destino-acaso, mandando um e-mail. Vou sacar o site da
Sideshow, isso me desopilará um pouco.
21h15. Vi figuras no site da Sideshow, conversei com o meu
primo, olhei a lista de um cara dos dez maiores desenhistas da atualidade. Me
desfoquei um pouco do assunto. Vi o blog, está com 18 visualizações e nenhum
comentário. Acho que a maioria clica e quando vê a enorme quantidade de texto
não lê. Não acredito que ninguém comentará. Ou acredito, era o mais provável de
acontecer. Estou com sono porque não estou tomando nada com cafeína. Estou só
no suco de acerola, do qual me servirei mais um pouco.
21h25. Segurei para não fumar agora. No próximo copo de
suco, vou. Está geladíssimo. Está muito bom, delicioso até. Eu que quase não
tomo suco fico surpreso com o que perco ficando na minha dobradinha Coca e
café. Mas sem cafeína me falta realmente a energia e disposição para escrever,
chato isso. Meu primo-irmão talvez vá a Caruaru no próximo final de semana, o
que significa que talvez fique em casa. Tem Casa Astral, mas cada vez tenho
menos astral de ir para lá. Ainda mais sozinho. E sem iPod. Acho que não terei
nada a dizer amanhã, o que me assusta. Sem ter o que escrever, o que me restará
fazer? Sinceramente não sei. Mas isso pode ser apenas um temor infundado. Com
café certamente palavras vão haver. Só tomei uma xícara do café da garrafa, uma
e meia para ser preciso. Então um pouco de café haverá, mas não será o
suficiente, alguém terá que fazer. Provavelmente eu. Só não queria ficar amanhã
remoendo o mesmo tópico dos posts anteriores. Já estou cansado desses
pensamentos cíclicos. Dessa cisma, dessa esperança desesperada. Só me traz
ansiedade e frustração. Não sei como escapar desse ciclo. E isso me incomoda profundamente.
Só fico nesse movimento porque nada de novo me acontece e por se tratar de um
tema de suma importância para mim. Vital, pois define a minha vida, é um marco
que divide a minha vida em um antes e um depois. Com seus prós e seus contras.
Quase a mesma quantidade de ambos. Mas olhando de uma forma egoísta, é a minha
realização profissional, o ápice da minha carreira. O meu maior sonho como
escritor realizado. Se bem que acho que não tenho envergadura literária para
tanto. Não acho que o que escrevi seja merecedor de publicação. Muita coisa
provavelmente deva ser cortada. Não sei. Alguém com experiência em edição
poderia me auxiliar. Não sei se a minha amiga revisora poderia me ajudar com
isso. Espero imenso que sim. Um livro. Não apenas um livro, mas um livro meu.
Será que realizarei esse que há 20 anos é o meu sonho? Boa pergunta. Há uma
série de fatores a serem considerados antes de efetivar essa publicação. Mas a
quem estou tentando enganar, do jeito que está, está uma merda. E eu que
acreditei que era algo publicável, me vejo reticente a respeito. O que mais
queria? Um comentário me incentivando a mandar o e-mail no post que acabei de
colocar no ar. O que mais queria em verdade era a validação e publicação da
minha obra. Empatado com Aurora. Não sei qual sonho é maior e acho que o
primeiro exclui qualquer possibilidade do segundo. Mas me sentir válido na vida
acho que seja o meu maior sonho. Eu que sou juridicamente inválido.
Praticamente não sou um cidadão. Eu que praticamente não vivo, que apenas me
descrevo em palavras, um ser humano medíocre em todos os aspectos, talvez
abaixo do medíocre na maioria deles. Mas não vou me denegrir aqui. Já o fiz
demais, não estou com disposição para fazer mais agora. Me perdi em pensamentos
agora. Vinte visualizações e nenhum comentário. Talvez isso seja um sinal de
que eu não deva mandar e-mail e que a resposta virá. Não sei. Cada vez sei
menos das coisas. Sem dúvida, cada vez sei menos do livro. Cada vez sinto-me
mais perdido. Achando que não passa de uma ilusão. É um sonho sem fundamento
real nenhum, incentivado por um grupo de psicólogas, quatro para ser preciso,
que nunca leram uma linha sequer do que escrevi. E um grupo de amigos que
também nada sabem do seu conteúdo. Ou seja, nada me comprova a validade da
minha obra. Talvez seja disso o que mais precise que alguém a valide, alguém
que eu entenda que tenha autoridade para tal. É isso do que mais preciso no
momento. Necessito como necessito de amor na alma.
22h12. Minha mãe me sugeriu que eu escrevesse outro livro,
deixasse esse outro para lá. Não é tarefa fácil escrever um livro, não tenho
conteúdo. Posso fazer mais um narrando duas semanas da minha vida. Já fiz uma
vez, não custaria nada fazer de novo. O meu último e-book não vendeu nenhuma
unidade. Nada me impede de fazer outro. Que também ficará perdido na miríade de
livros publicados diariamente por centenas de aspirantes a escritor. É só tempo
perdido. Não é assim que eu quero. De nada me adianta isso, embora fosse
miraculoso vender algum dessa forma. Realmente uma tremenda conquista, mas não
estou com ânimo para isso. Vamos ver amanhã. Pode ser que comece um. Sei que
hoje vou tomar um gostoso e relaxante banho quente. Mas não agora, depois que o
casal for dormir. Posso aumentar a temperatura do boiler para uma que me agrade
mais. Esse texto, que destino terá? Será que descambará para o Vate ou ficará
no Profeta. Um em que até agora não mencionei nada respeito do bom velhinho.
Mencionei só essa vez. Vamos ver ser se fica só nela. Não acho que jamais receberei
resposta. Me restará o meu tio. Se este não der jeito, se não cumprir o que me
prometeu, ficarei inenarravelmente frustrado e chateado. E o pior é que é o
mais provável de acontecer. Se ele em cargo tão correlato com a natureza do meu
pedido não fizer a obra pronta parar nas mãos de quem de direito é praticamente
uma desfeita, um desrespeito comigo. Ele deve ter contato com todas as editoras
pernambucanas e ainda é conselheiro de uma. Ele que disse para mim “ a gente
publica” com bastante convicção e segurança. Que homem me tornei? Essa pode ser
a frase inicial do livro descrevendo a semana de um inútil. Pois é o que sou e
me sinto. E não há afora o livro, nada que me motive fazer para mudar esse
quadro. O livro é minha tábua de salvação. Minha tentativa de ser alguém no
mundo. É minha tentativa de me sentir válido de alguma forma. Não de alguma
forma apenas, mas da forma mais desejada por mim. Muitos desejam a mesma coisa.
Incontáveis são os escritores em busca de um lugar ao sol. Não entendo como alguém
que se publica pode se dizer escritor. A mim isso não basta, meu ego é muito
maior ou menor que isso. Eu preciso da aprovação de quem de direito, pois meu
julgamento por si só não me é o suficiente. Como posso eu mesmo julgar o mérito
do que produzi? Quem pode julgar é quem entende do assunto livro. Quem trabalha
com isso. Claro que a ajuda do meu tio emprestando ao livro uma visibilidade
que não teria de outra forma é muito bem-vinda, ter um padrinho como ele pode
fazer a diferença entre ser ou não publicado por uma editora para mim. Ser ou
não ser pelo menos avaliado por uma editora. Ou mais de uma. Acho que a editora
da qual faz parte do conselho me cabe muito bem. Seria perfeito. Espero que
cumpra com a sua palavra. Mas continuo achando difícil que o faça. Mas de onde
menos se espera pode vir a solução. Se bem que ele é de quem mais espero a
solução. Sei lá o que estou dizendo. Há momentos em que me perco em mim mesmo.
Liga, não, tá? Bom, só sei que uma vez que a incrível revisora e eu estejamos
satisfeitos com a obra, será a vez de ele entrar em cena. Não é possível que
isso só se dê depois das eleições de outubro. Cinco meses. Será que dura esse
tempo todo uma revisão? Não faço a mínima ideia. Sei que quero a minha obra na
melhor forma possível. Queria transformá-la em literatura com a ajuda da
incrível revisora. Eu que nem sei o que é literatura. E por essa razão não
posso julgar o que escrevi como algo publicável ou não. A sensação que tenho é
que nenhuma das promessas irá se concretizar. Obviamente não incluo aí a
promessa da minha amiga revisora de me ajudar com os erros de português e
edição do texto. Essa tenho absoluta certeza que se dará a contento. Mas
revolvo a mesma lenga-lenga dos demais posts. Não sei como escapar disso, estou
cercado por isso, imerso nisso, respirando isso. Não sei realmente como falar
de outra coisa se minha alma toda clama pela realização desse sonho da maneira,
bem, sonhada. Com a validação de alguém meritório e publicação numa editora,
sem necessidade de que eu financie a publicação. Quero que alguém do mundo
literário empreste o valor que não consigo dar à minha obra.
23h39. Conversei com a minha mãe, ela me deu ideias, ela
chega a crer que o meu tio já mandou para a revisão da editora. Hahaha. Está
sonhando mais alto que eu. Não deveria ter dito a meu tio a respeito da
revisão, talvez agilizasse o processo mais depressa. Mas agora disse e tenho eu
esperar a revisão ficar pronta. Espero que a ordem dos fatores altere o produto
para melhor, não contra mim. Minha mãe disse que há pepitas aqui e ali nos
textos do meu blog, vi que fez grande esforço para não desmerecer este espaço,
embora não veja a meu ver, muito valor nisso, mas sabe que é o que empresta
sentido à minha vida, então não quer me ver canalizando o meu comportamento
compulsivo com outra coisa. Disse que eu arquivasse os meus “poemas” numa pasta
separada. Disse-lhe que não gostava muito dessa forma de expressão. Ela soube
que Raimundo Carrero ministra um curso e eu cortei-a no meio da frase dizendo
que não inventasse que não faria o curso pois a escrita é o meu último reduto
de liberdade. Não o quero tolhido de forma nenhuma. Ela disse que isso aqui
fica repetitivo. Posso imaginar. E tão mais repetitivo está agora que tenho o
pensamento fixo na consecução do acontecimento mais glorioso da minha vida
medíocre. Acontecimento que não sei se vai acontecer de fato. Foi uma boa
conversa. Ela achou que o meu projeto de morar com os mendigos por dois meses
uma loucura, como era de se supor. Só tenho isso e um projeto paralelo que
poderiam talvez render outra obra. Mas me satisfaço apenas com uma. Com esta.
Com o “Diário do Manicômio”. Não sei se terei forças para editar o que precisa
ser editado porque estou saturado com o conteúdo do livro. Mas daqui para o
final da revisão acho que estarei mais desimpregnado da obra. Quero que meu
texto fique o melhor que pode ser e isso requer esforço e talvez abrir mão de
mais do que consegui abrir. Tenho medo de ter uma sede de edição e acabar
desvirtuando o conteúdo. Sei lá. Será que o futuro vai me sorrir nesse aspecto?
Seria bastante maravilhoso que fosse assim. Se meu tio soubesse o quão
importante o livro é para mim. Poderia mandar um e-mail para ele reafirmando
isso. Mas não tenho coragem de fazê-lo. Mas sempre posso sonhar aqui e escrever
o que queria transmitir-lhe.
Tio,
Só para reafirmar o que você já sabe, o livro é a coisa mais
importante da minha vida, é o que me fará sentir que tenho algum valor como ser
humano, é o que me fará acreditar que sou um escritor, não apenas um blogueiro
de meia tigela. É o maior sonho da minha vida. O meu maior desejo. Não há outro
e, se há, ambos sabemos ser impossível. Quando a revisão estiver pronta, espero
contar com você como me prometeu que faria e que me ajude a levar esse projeto
à devida consecução. Bom, é isso.
Beijo,
Mário.
0h10. Bom, não me aliviou nada pôr em palavras dessa vez,
continuo com um sentimento ruim dentro de mim que nada vai dar certo. Que isso
é tudo delírio da minha cabeça. Que meu tio achou o livro impublicável e não
vai fazer nada para me ajudar. Infelizmente essa é a triste impressão que tenho
acerca da publicação da minha obra. Do papel do meu tio, nenhum. Tal pessimismo
me fere profundamente. Já vou na quarta página dessa verborragia sem sentido.
Acho que a falta de cafeína deve estar ajudando a baixar o meu astral. Mas
estou sendo realista. Acredito que não posso contar com o meu tio, que tudo o
que falou foi da boca para fora. Quando viu a coisa em si, desconversou na
minha opinião. Minha mãe veio me dar um beijo de boa noite, agradeci pelo papo.
Mas é muita inocência dela achar que o meu tio vá botar o meu projeto para
frente. Ou vai ver que eu é que sou pessimista. Sei lá, não me encontro de novo
no melhor dos meus astrais. Acho que a foto de comida realmente atrai leitores,
coloquei um título bem chamativo para o texto e não está tendo nem de perto a
visibilidade do anterior. Curioso. 22 pessoas já visualizaram o texto e nenhuma
postou comentário algum. É um sinal para permanecer em silêncio quanto ao escritor.
Se vier a resposta veio. Se não vier, vou ficar muito puto, comigo mesmo até,
por ter acreditado na palavra dele. Vou fumar um cigarro. Já estou meio
empachado de suco de acerola. Mas é o que há, então vamos nele. Depois que
“Landlady” passar. Estou perdido, não sei o futuro da minha obra, mas tudo
aponta para uma coisa que não vai ser e carregarei esta frustração para a minha
cova. Talvez a maior frustração que eu terei na vida. Serei forte, espero, e
suporte essa rebordosa do destino-acaso. Mas viverei com isso sempre como um
fantasma a me assombrar. Será muito chato. Muito incômodo. Muito ruim mesmo.
Chegar a um quase realizar o meu maior sonho e não conseguir. Tendo o meu tio
com a faca e o queijo na mão e se negar a fazer o movimento por sei lá que medo
ou pudor. Na hora de prometer tudo são flores, na hora do vamos ver, vai dar
para trás. Pode ser que não, que esteja enganado. Veremos. Está entregue. Ou
ainda não está. Entregue estará quando entregar o texto completo para ele e
cobrar. Pois a cobrança eu farei. Estou sendo cobrado serviços dele. Chegará a
minha vez de cobrar a materialização do meu maior sonho. Vamos ver se ele vai
ter colhões para fazer acontecer. Se é um homem de palavra mesmo. Ou se são
tudo bravatas. Que texto inútil, acho que se publicar vai para um dos
capilares.
0h54. Este post vai diretamente para os capilares. Estava
pensando em Cidade de Deus. É um filme que gosto de assistir. Já vi umas quatro
vezes. Estava ainda lembrando do filme, aí me veio a imagem do meu amigo corretor
no Caverna. Minha mãe chegou a dizer que não leria mais o meu blog. Não sei se
queria isso. Mas acho que ela simplesmente não tem saco de ler. Ser tedioso até
para a minha mãe, é pau. Se fosse curto acho que ela leria com muito mais
frequência. A única forma de alcançar essa diminuição seria jogando videogames.
Mas não estou com saco de jogar videogames. Eu gosto do modo competitivo de
Snipperclips. Mas ele não tem muita replayability.
1h31 já. Puxa. Tive um lauto jantar, frango desossado assado no forno, as
batatas da fantástica faxineira que estava muito gostosa e arrematei com o
resto do soverte que estava cremoso na medida certa. Comeria mais, aliás
comerei mais.
1h49. Não acreditei, quando fui na despensa dei de cara com
o quê? Tortinhas de limão. Muito bom, muito delícia. Acho que vou fumar um
cigarro para dormir. Está tarde.
2h00. Vou me deitar.